Dr. Pet vem a Curitiba e dá dicas de adestramento inteligente

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Por Paula Weidlich - 23/03/2017 - Tribuna

O especialista em comportamento animal Alexandre Rossi, o famoso Dr. Pet, esteve em Curitiba junto com sua fiel companheira, a simpática SRD Estopinha, a convite do HiperZoo. E nós da Mania Animal aproveitamos esta oportunidade para pegar boas dicas com ele, informações que podem ajudar humanos e pet a conviver em harmonia.

Segundo Alexandre, muitos dos atuais problemas entre as pessoas e seus animais estão relacionados com as ações dos próprios tutores. “O fato de as pessoas mimarem demais seus animais de estimação e não conhecerem realmente quais são suas reais necessidades como espécie, pode ser o gatilho para problemas comportamentais. E sim, a forma como o ser humano interage com seus animais pode reforçar comportamentos indesejados, como dar comida para o cão parar de latir: assim ele latirá sempre que quiser comida”, explica.

Mas de acordo com ele, todos os animais “têm jeito” e podem ser adestrados. E para melhorar esta convivência, o ideal é reforçar os comportamentos positivos. “Reforçar os comportamentos que queremos que aumentem de frequência é a forma de fazê-los entender qual atitude será mais vantajosa, ou seja, gerará algo que eles queiram: a recompensa. Brigar, muitas vezes, não faz o menor sentido para o animal e pode ser até um reforçador. Se o que ele quer é chamar a atenção, ter o dono brigando com ele pode ser uma forma de interação que até vale a pena”, diz.

Confira a entrevista completa com o Dr. Pet:

Mania Animal – Com base em sua experiência bem sucedida, que já salvou muitos cães problemáticos e melhorou a convivência com suas famílias, quais são os principais problemas gerados hoje na relação entre as pessoas e seus animais? O comportamento dos humanos pode fazer com que os pets, especialmente os cães, possam ser indisciplinados ou agressivos?

Alexandre Rossi – O fato de as pessoas mimarem demais seus animais de estimação e não conhecerem realmente quais são suas reais necessidades como espécie pode ser o gatilho para problemas comportamentais. E sim, a forma como o ser humano interage com seus animais pode reforçar comportamentos indesejados, como dar comida para o cão parar de latir: ele latirá sempre que quiser comida!

MA – Todo o animal pode ser adestrado, todos têm “jeito”?

AR – Sim, qualquer animal, em qualquer idade, pode ser adestrado, mesmo que a questão comportamental esteja instalada há muito tempo. Neste caso, possivelmente teremos que ser mais persistentes, mas a capacidade de aprendizado deles persiste ao longo de toda sua vida. Além dos treinos, são necessárias mudanças no ambiente e na interação com o animal. Com isso tudo é possível “dar um jeito” em qualquer caso.

MA – Reforçar atitudes corretas é melhor do que brigar com o animal de estimação? Como eles percebem as brigas e os reforços positivos? O que é o adestramento inteligente?

AR – Reforçar os comportamentos que queremos que aumentem de frequência é a forma de fazê-los entender qual atitude será mais vantajosa, ou seja, gerará algo que eles queiram: a recompensa. Brigar, muitas vezes, não faz o menor sentido para o animal e pode ser até um reforçador (se o que ele quer é chamar a atenção, ter o dono brigando com ele pode ser uma forma de interação que até vale a pena). O Adestramento Inteligente é justamente isso: treinar usando reforço positivo para mudar e moldar os comportamentos. É criar um canal de comunicação eficiente, onde o pet entenda o que se espera dele e saiba quais limites deve respeitar. E, quando necessário, usar broncas para interromper os comportamentos indesejados, respeitando o limite e a sensibilidade de cada animal.

MA – Ao longo de sua carreira, o treinamento de algum animal foi mais desafiador?

AR – O Chow Chow Billy foi bem desafiador. Ele já tinha atacado com gravidade a própria dona em algumas oportunidades e vivia isolado num ambiente da casa, sem que as pessoas conseguissem conviver com ele sem serem atacadas. Após dias de treinamento intensivo em minha casa, conseguimos fazê-lo interagir com segurança com as pessoas e conhecemos outro cão, mais dócil e que gostava muito de brincar: me apeguei bastante a ele!

MA – Além da Estopinha e do Barthô, que outro animal tem uma história especial para você?

AR – Minha cadelinha Sofia, que já faleceu, foi muito especial! Com ela consegui fazer minha tese de mestrado mostrando como ela poderia se comunicar através de um teclado. Ela também me acompanhou quando comecei a atuar como Dr. Pet. Sinto muita saudade dela, assim como de todos os pets que passaram pela minha vida!

MA – Quais são as dicas básicas para quem quer ter uma boa convivência com seu animal de estimação?

AR – Procurar conhecer as necessidades e comportamentos naturais do animal como espécie. Por exemplo, cães gostam de farejar, cavar; gatos gostam de escalar e arranhar. Com isso, criar um ambiente e uma rotina adequadas a eles. E sempre pensar em recompensar os comportamentos que desejamos que sejam frequentes!

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